quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Crevatolf - Cap. 3

A chegada de Bea não deixou de ser um alívio. Vivendo nesse planeta racional e esquecido, às vezes eu acreditava ser louco. Se eu contasse para alguém que acreditava ser o príncipe de um planeta longínquo, cheio de seres estranhos e magias, certamente me convenceriam a tomar algum remédio.

Não me lembrava dela e a olhei com timidez, quando seus olhos se levantaram e se encontram com os meus. Mas ela abriu um sorriso imenso e correu para me abraçar. Seu corpo era quente e firme, diferente do corpo dos plurinogorfos. A sensação me deu vontade de chorar. Eu sentia muita falta de contato humano. Os plurinogorfos são tão diferentes de nós...

Por cima dos ombros de minha irmã, vi alguém que já conhecia, mas tinha visto poucas vezes nos últimos tempos. Seu nome era Trestede e ele era um dos guardiões que vieram comigo para a Terra.


- Olá, Gabel... - ele disse, com um sorriso fraco.

- Olá, 'Seu' Josias! - eu disse, sorrindo ao me referir ao nome que ele usara nos últimos anos, no planeta. - Anda sumido!

- Estive em Paraíso... - ele me surpreendeu com a resposta.

Bea me soltou e olhou meu rosto. Examinou-o inteiro, cuidadosamente.

- Nada... - disse, enfim. - Nada que me lembre o bebê que conheci tão rapidamente. Se eu te visse na rua, não saberia quem você é...

Sorri para ela.

- Estamos na mesma situação, então... Mas eu diria: lá vai alguém com o nariz igual ao meu!

Ela soltou uma gargalhada aberta e gostosa.

- De nosso pai! - E me abraçou novamente, com mais força, dessa vez.

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