sábado, 20 de setembro de 2008

Crevatolf - Cap. 13

No sonho, eu estava sozinho em frente a um imenso muro que se estendia até se perder de vista. Atrás de mim, sons de guerra me davam a impressão de perigo constante. Cada um dos que nos acompanharam ao sair da cidade de metal estava agora morto.

Mas, no sonho, eu achava que minha irmã ainda estava viva, só que do outro lado do muro.

Eu tentava achar uma passagem. Cravei as unhas na terra cinzenta que cobria o muro até que minha mão estivesse coberta de sangue.

E a guerra chegava, cada vez mais perto.

Então, ouvi o som de música. Ela vinha do outro lado do muro. Lá estava um homem com um longo casaco marrom avermelhado. Ele era muito alto - gigantesco, mesmo - e um grande chapéu cobria sua cabeça.

Eu podia vê-lo, através do muro, mas não podia alcançá-lo.

Ele levantou a cabeça e olhou em meus olhos. E eu soube que as cordas do instrumento que ele tocava eram feitas dos cabelos de minha irmã.

Ele sorriu para mim, e seus dentes eram amarelos como gemas de ovos.

- O que você quer? - ele me perguntou, depois de um silêncio no qual senti crescer meu ódio por ele.

- Quero minha irmã! - respondi, aos gritos.

- Desculpe, eu não consegui ouvi-lo... - ele respondeu, sarcástico, e meu ódio aumentou.

Ao seu lado, agora, estavam os homens que haviam nos abandonado. Em pé, olhando para mim e, ainda assim, mortos. Não havia nenhuma vida em seus olhos.

E quando todos eles sorriram para mim, seus dentes eram amarelos como gemas de ovos.

Um comentário:

disse...

Mas muio, muito, muito, muito bem escrito, muito bem tudo!!!

Adorei!!!!