Naquele momento fui tragado de volta ao mundo desperto pelos gritos de uma discussão. Os mágicos disputavam entre si sobre quem deveria se encarregar das provisões de luz, tempo e desejo que trazíamos. Eram como crianças, se acusando e, aos poucos, nos acusando de privilegiar um ou outro.
- Você ficou entre os dois príncipes por toda a viagem!
- Sim! Porque eles me preferem e confiam em mim!
- Isso é ridículo! Porque você os bajula todo o tempo! E tenho certeza de que os está espionando!
Nesse ponto, começaram a se empurrar e Bea teve que interceder. Mas nem houve tempo de acalmarmos os nervos, pois ouvimos os cornocorpóreos guinchando.
Tinham fome. Os crocofantes haviam avançado em sua comida durante a noite.
Percebemos que, após a partida dos humanos, ninguém havia lembrado de alimentá-los. Os plurinogorfos reclamaram da nova tarefa: não eram sua montaria. Os crocofantes se irritaram: não eram apenas montarias!
Bea me chamou a um canto, puxando também Trestede.
- Há algo errado aqui...
Lembrei imediatamente do homem nos meus sonhos, mas não tive coragem de dizer nada. A imagem do gigante, em minha mente, parecia frágil, esvaindo-se, como é comum ao despertar.
- Acha que é algum tipo de feitiço? - Trestede perguntou.
Antes que Bea pudesse responder, percebemos que Prosfrus nos olhava ao longe. Nós o chamamos, mas ele virou as costas e juntou-se ao grupo dos plurinogorfos que alimentavam crocofantes e cornocorpóreos.
- Seja lá o que for, parece estar afetando Prosfrus também... - eu concluí.
domingo, 28 de setembro de 2008
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