quinta-feira, 1 de maio de 2008

Mata Verde - Cap. 4

Ah, eu nem vou tentar fazer o suspense barato: Ricardo entrou na cidade. É claro, ou a história acabava aqui. Ele entrou. Mas não foi sem esforços que as pessoas o deixaram entrar.

Uma das regras de uma cidade como Mata Verde é: ninguém sai. É por isso que é tão importante não deixar ninguém entrar. E os mataverdenses bem que tentaram. Gesticularam para um Ricardo confuso que se aproximava devagar.

Quando estava a três passos da linha que limitava a cidade - linha essa desenhada no chão, bem visível - o delegado sacou seu revólver e apontou para a perna do rapaz.

- Eu disse nem mais um passo - repetiu o delegado e Ricardo parou. Estava assustado, mas não tanto quanto os olhares que se fixavam nele. Houve um instante de tempo suspenso e então Ricardo sentiu uma movimentação aos seus pés. Uma cobra-verde de pouco mais de meio metro saia do meio dos troncos usados na barricada. Ora, qualquer um ali sabe que a cobra-verde chega a ser inofensiva, mas Ricardo era um rapaz da cidade.

No momento seguinte, ele estava entre nós, agarrado ao prefeito.

O grupo suspirou, vencido. A cidade ganhava mais um morador.

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