sexta-feira, 2 de maio de 2008

Mata Verde - Cap. 5

- Ok, rapaz, você está preso! - agiu rapidamente o delegado. Girou o jovem com facilidade e, auxiliado pelo prefeito, algemou-o. Então começamos todos a voltar para a cidade.

- Meu carro! - O jovem protestou. Eu imagino que seus instintos o avisavam que havia se metido numa encrenca e o carro parecia sua única chance de escapulir.

- Mando alguém pegar daqui a pouco... - Mentiu o delegado - Não é como se alguém fosse roubá-lo, nesse fim de mundo.

- Por que é que eu estou sendo preso??

- Você não está realmente preso, - Disse o prefeito - mas precisamos conversar. Temos muito o que conversar...

Pelo resto do caminho reinou um silêncio assustado. Os prédios baixos e casas da cidade foram aparecendo. O grupo foi se dispersando aos pares ou trios e no final, éramos só nós quatro: o Prefeito Carvalho, o Delegado Ameixeiras, Ricardo Araucária e eu. Eu percebia o olhar de Ricardo, vasculhando o cenário. Fixando a atenção na mãe com os filhos amarrados à cintura, nos adolescentes algemados saindo em animados gritos da sorveteria, na dupla de velhinhas na janela, tão próximas.

Atravessaram a praça e entraram numa casa esverdeada, que funcionava como delegacia e prefeitura. Percebeu que não havia escritórios ou saguões. Era apenas um grande vão, com linhas no chão demarcando espaços, mas sem nenhuma parede.

O delegado puxou uma cadeira e levou Ricardo a se sentar nela. Sentou-se ao seu lado, enquanto o prefeito se acomodava atrás da grande mesa que dominava o ambiente.

- Bem-vindo a Mata Verde... - Sorriu com tristeza o prefeito - Sinto lhe informar que você vai morrer aqui...

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