sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mata Verde - Cap. 18

Deus meu! Enquanto eu falo como uma maritaca, a vida vai rodando e eu a perco! Eu tive que parar de pensar em minha própria vida, pois o vigia tocou alarme e, meia hora depois, o delegado e um policial vieram pegar Ricardo e Maria Fé.

Ricardo tinha visitas.

Ele foi levado ao limite da cidade, de onde pode ver seu carro, a porta escancarada e a lataria suja e com pegadas. Mas nem prestou atenção ao ver Fernanda sob a mira do revólver do vigia.

- Ricardo! - Ela gritou e fez menção de começar a correr, mas o vigia gritou mais alto e ela parou.

Ricardo não teve palavras. As emoções de Mata Verde o fizeram esquecer de Fernanda e ela lhe parecia uma foto em preto e branco de um passado distante. Mas, ao vê-la, a foto se encheu de cores. Confesso que senti uma pitada de ciúmes ao perceber que ele a amava. Certamente Maria Fé também.

Foi provavelmente por isso que ela o enlaçou tão rapidamente, juntando seu corpo no dele. Sussurrou em seu ouvido que ele não podia deixá-la entrar, condená-la a viver para sempre com medo de mim. Ele a abraçou de volta.

- Vai embora, Fernanda. - Ele disse e virou as costas, indo embora. O efeito dramático foi forte em Fernanda, mas a intenção de Ricardo foi simplesmente não deixá-la ver que ele chorava.

Foi naquele exato momento que Ricardo decidiu que descobriria como terminar com a maldição que dominava Mata Verde. Percebi que ele estava determinado a livrar a cidade de mim.

Como se eu quisesse ficar naquela maldita cidade.

É claro, eu iria ajudá-lo, a se livrar de mim.

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