domingo, 9 de março de 2008

Duplo Homicídio - Cap. 1

O sangue da mulher, seco no azulejo branco, lembrou ao Detetive Vargas velhas pranchas de Rorschach. Olhou pela janela quebrada e viu o corpo do homem, há não mais de 10 metros, caído no gramado que cobria a frente da casa.

A mancha no chão havia se espalhado a partir da cabeça, emplastrando os cabelos compridos e escuros da mulher - Lúcia, ela se chamava, Lúcia Kramer. O revólver ainda estava envolto por seus dedos. A bala havia entrado logo acima do nariz.

Lá fora, outros policiais isolavam a área. Esperavam a Polícia Científica chegar. Os vizinhos - era uma rua tranqüila, com casas e prédios baixos - não incomodavam. Olhavam pelas frestas das janelas, deixando entrar fragmentos do sol matutino em suas salas.
A maioria parecia querer apenas que o barulho das sirenes parasse.

Um dos policiais recolhia, pacientemente, cada pedaço de vidro estilhaçado. Parte dos cacos havia se espalhado no piso da cozinha, outra parte no cimento que circundava a casa, pelo lado de fora. Cada pedacinho achado era acondicionado num saquinho.

Vargas apertou o olhar para conferir, ao lado do homem morto com um tiro no peito, a arma caída na grama. Queria a confirmação da perícia, mas achava que os dois tinham matado um ao outro...

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