terça-feira, 25 de março de 2008

Duplo Homicídio - Cap. 9

J. K. estava sentado na sala de comunicações há quase quatro horas. Não conseguia se mover. Não foi mandado para o local do crime porque seu chefe viu como ficou abatido. Todos sabiam da grande amizade entre os dois. Eram compadres, jogavam buraco com as esposas pelo menos uma vez por semana.

J. K. nunca soube como é que o investigador ficou sabendo. Soube que havia algo estranho quando enfim saiu da sala. Era o sorriso sarcástico na cara de alguém que se desfez ao vê-lo. Uma cara de espanto mal disfarçada de outro. Até chegar ao centro da sala de investigações.

O investigador, um sujeito novo, recém-concursado, gabava-se:

- Por isso, acho que foi crime passional! Não tem nada a ver com o que ele tava investigando!

Um silêncio escuro apossou-se da sala quando perceberam a presença de J. K. O perito sentiu um arrepio no final da coluna.

- Do que é que você está falando? - perguntou, aborrecido e surpreso.

- Desculpa, J. K. Eu sei que o cara era seu chapa, mas o caixa d'um motel reconheceu o Vargas... Ele entrou lá, hoje, com um cara...

O queixo de J. K. atingiu o peito.

- Pois é, cara. A gente nunca conhece completamente as pessoas! - arrematou o detetive.

J. K. correu para a sala do delegado.

- Você não pode divulgar isso!

O delegado já o esperava.

- E não vou, J. K. O cara era meu amigo, também. Minha esposa e a esposa dele são amigas... O problema é que, se foi mesmo crime passional, eu não tenho como evitar... Não podemos descartar essa linha de investigação.

J. K. se sentiu enredado. Não era só a família de Vargas que estava em jogo. Quase se arrependeu das duas horas que passou com o amigo no motel.

- Me promete que você não vai deixar ninguém falar sobre isso até termos certeza!

- Tudo bem, J. K. Ninguém vai falar.

O investigador entrou na sala e disse:

- Já conseguimos o mandado pras fitas de segurança do motel. Estou indo pra lá pegar agora. Aí, a gente vai ter o primeiro suspeito!

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