sexta-feira, 28 de março de 2008

Duplo Homicídio - Cap. 11

J. K. se recostou na cadeira.

- Bom, - disse - vamos fazer diferente: ao invés de me contar o que eu não sei, eu vou te contar o que eu já sei.

O vidente lançou-lhe um olhar curioso.

- Eu já sei - o perito continuou - como Adriano fez com que a esposa e o sócio se matassem. Sei disso porque encontramos pêlos sintéticos no lugar onde um investigador da polícia foi morto. Conversei com o dono do circo para descobrir que o único empregado que usava fantasia com pêlos era um novato. Alguém que o pai pediu ao dono que contratasse. Ele se vestia de gorila, para o show de Monga, a mulher que se transforma.

'Eu sei mais, já que encontramos Adriano e ele está preso. Ele contou que forjou a própria morte com ajuda do pai. Como ele não é casado legalmente, o pai foi chamado para identificá-lo. Eles só precisaram colocar alguém - um mendigo - no carro de Adriano e explodi-lo num acidente qualquer.

'Ele confessou - percebeu que a gente já sabia de tudo e tinha como provar, examinando o espelho e o abajur da sala - que, um dia depois do acidente, voltou para casa e encontrou a esposa com o sócio na cama. Eles não o viram. Mas ele telefonou para cada um dos dois, marcando um duelo no dia seguinte. No mesmo horário.

'Usando o mesmo truque de espelhos que é usado pra transformar Monga em gorila, ele projetou sua imagem na janela. Era madrugada, não havia luz, então o efeito foi perfeito. Tanto a esposa quanto o sócio viram um Adriano de frente para eles, puxando uma arma.

'Ele deu um pouco de sorte: os dois acertaram perfeitamente o tiro. Se não desse tanta sorte, ele estava lá, armado, pra terminar o serviço. Tenho que admitir, foi um plano e tanto...'

O vidente continuava parado, olhando para J. K. Suas mãos estavam escondidas embaixo da mesa.

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