domingo, 23 de março de 2008

Duplo Homicídio - Cap. 8

O celular de J. K. tocou. No visor, o nome de Vargas piscou. J. K. sorriu, mas não atendeu imediatamente. Saiu da sala onde estava e foi para o corredor. Procurou ficar só, então abriu o flip do telefone e disse, em voz melodiosa:

- Oi, tesão...

Um rosnado borbulhante foi o que ouviu de volta. Vargas lutava contra o sangue que escorria para dentro de sua garganta rasgada e inundava sua epiglote. Tossiu e cospiu, e J. K. soube que era sério. Muito sério.

Correu pelos corredores, em direção ao laboratório de comunicação. Ouviu um carro acelerando e se distanciando pelo celular. Entrou no laboratório gritando. Eles precisavam rastrear a ligação.

Demorou 3 minutos para conseguirem o local.

Os sons já haviam parado do outro lado do celular.

Alguns minutos depois, ouviu a sirene do carro da polícia chegando ao local do crime. Desligou o seu telefone. Havia um silêncio pesado na sala. Todos conheciam Vargas. Todos sabiam que um policial havia morrido enquanto ouviam. A confirmação chegou em seguida.

J. K. estilhaçou seu celular no chão de cerâmica. Babava de raiva. Foi a única forma que encontrou para não chorar efusivamente.

Nenhum comentário: