segunda-feira, 10 de março de 2008

Duplo Homicídio - Cap. 2

O entregador de jornal gesticulava, exacerbado, e falava muito rápido, sobre muitos detalhes. Mas era de pouco uso. Havia pulado da kombi, às 6h00 da manhã, para deixar jornais no prédio ao lado e viu o sujeito deitado na grama. Como conhecia bem a vizinhança, não reconheceu o homem. Comentou com o motorista da kombi, que parou bem em frente à casa. Os dois perceberam o sangue, ainda vermelho (agora já tendia para o marrom), no peito da camisa branca e ligaram para a polícia.

Foi assim que tudo começou.

J. K., da criminalística, chegou e o detetive pediu licença ao entregador. Ele continuou falando e gesticulando enquanto Vargas se afastava.

- J. K., seu porco sujo! - gritou, brincando. Eram amigos há muito tempo, desde que entraram para a polícia, 20 anos atrás. Naquela época, o bigode de Vargas ainda era castanho e J. K. ainda tinha cabelos na cabeça.

Após um abraço e comentários curtos sobre as patroas e as crianças, o perito foi examinar a cena. Vasculharam a cozinha. Na sala escura pelas cortinas cerradas, J. K. acendeu um abajur. Um homem surgiu à sua frente, fazendo os dois pularem de encontro um ao outro. Era só um reflexo no grande espelho em cima da penteadeira.

Os amigos riram, mas Vargas não perdeu a oportunidade de dar um belo e safado beliscão na bunda de J. K.

Nenhum comentário: