sexta-feira, 11 de julho de 2008

Borboreal - Cap. 23



Não só fiquei, como ganhei um novo amigo em Prosfrus. Ele era encarregado da segurança da rainha e se tornou meu treinador. Começou contando-me o que acontecia nas batalhas diárias.

Los nunca vai muito longe do portão.

Ele passa a maior parte do dia criando e montando armadilhas mágicas no caminho até a torre de vento, mas ainda não se sente seguro de abandonar o portão. A sua existência nesse mundo está condicionada ao portão ficar aberto.

A torre de vento fica bem embaixo da fechadura, que fica no centro do portão. Para fechá-lo, é necessário ir com a chave até a torre de vento, montada pelo rei para levar alguém até a fechadura, muito, muito alto no meio do céu.

Los também sabe que se nosso exército ficar muito poderoso, podemos derrotá-lo. Por isso, todo dia, nos ataca furiosamente. Conseguimos evitar que ele chegue às tendas, mas acho que nunca o machucamos, realmente. Dessa forma, ele destrói alguns de nossos batalhões e garante que não nos agruparemos o suficiente para ter força para derrotá-lo.

Ele também dizima nossa floresta sempre-viva. As árvores funcionam como catapultas, além de dificultar seu andar.

Sofremos muitas perdas, diariamente. Para nossa sorte, chegam voluntários com imensa freqüência de todas as partes do reino. Mas uma hora dessas ou ele vai conseguir assegurar o portal, com suas armadilhas, ou ninguém mais vai chegar e ele vai estraçalhar os exércitos da linha de frente.

Aí, o reino será dele. Paraíso é um lugar disputado, pois poucos lugares em qualquer um dos universos tem fontes naturais de tempo manipulável. Percebemos rapidamente que ele não precisa de seres vivos em Paraíso. Tudo o que ele quer é o tempo.

Passeávamos pelo acampamento, acompanhados por 'Seu' Josias, que havia voltado à sua forma natural que me lembrava um boneco de testes de acidente de carro. Eles me explicaram sobre as armaduras térmicas: as couves que se abriam em asas e envolviam o corpo dos combatentes, para que eles não se carbonizassem com o urro de Los ou ao chegar perto dele. Vimos a floresta sempre-viva se renovando após o ataque de horas atrás e, com o auxílio de um olho de jaguarade - um objeto mágico de vidro que permitia ver à distância - pude ver todo o portão e a devastação que Los vinha fazendo.

Mas não pude ver Los com o olho de jaguarade. Seu brilho ampliado pelo objeto me deixaria cego.

- Por que é necessário ir até a torre de vento? Não é mais fácil voar até a fechadura? - perguntei aos plurinogorfos.

- Alto demais. - respondeu Prosfrus - Ninguém consegue voar tão alto em Paraíso.

- Só uma uruguia... - comentou 'Seu' Josias - Mas é quase impossível pegar uma... E ela provavelmente não nos obedeceria. Não são treináveis e são estúpidas como portas... Não poderíamos controlá-la para chegar perto o suficiente da fechadura.

- E qual é o plano?

- Por enquanto, o plano é nos defendermos e bolarmos um plano...

Não era uma situação agradável, eu concluí.

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