Os dias começaram a se suceder. Eu treinava o dia todo, principalmente a luta com lanças, arma que eu sentia fazer parte de mim, desde que atravessara o corcoromel com a barra de ferro.
À noite, Prosfrus e eu ficávamos horas meditando. Ele me ensinava técnicas de controle do corpo e eu - para meu grande orgulho - comecei a ensinar a ele como eu controlava o tempo.
Já havia dez dias que eu estava lá, vendo todas as manhãs os exércitos partirem para batalhar com Los e voltar, reduzido e ferido. Vi poucas vezes a rainha, nesses dias, mas em pelo menos duas vezes sentamo-nos longamente para conversar. Eu contava para ela sobre a minha terra e ela me contava sobre Paraíso. Eu via sua aflição querendo ter notícias dos filhos, a saudade estampada em sua face, mesmo quando tentava sorrir. Senti pena dela e quis ser seu filho, mas não era.
Ela me contou sobre a chave.
Meu marido estava bem intencionado quando resolveu abrir os portões. Mas sou a primeira a admitir que ele foi precipitado. Eu também, já que incentivei em suas pesquisas e o auxiliei a construir o cetro que serviria de chave-mestra.
As chaves dos portais desapareceram junto com seu criador, há um tempo incalculável atrás. Os guardiões o vigiam, mas não podem abri-lo ou fechá-lo. São guardiões de seu poder, mas não o controlam. Usufruem dele para seus próprios objetivos, apenas.
Estudamos muito até entender o funcionamento das fechaduras e, por fim, montamos uma chave mestra, em formato de cetro. Ele pode ser usado para abrir ou fechar os três portões e foi encontrado caído ao lado de Crevatolf.
Los tenta chegar até as tendas para se apoderar do cetro. Se cair nas mãos dele, a batalha estará perdida. Ele ficara livre para sair de perto do portão e, se alcançar uma fonte de tempo próxima a um rio de desejos, terá acesso ilimitado a magias...
Olhei o cetro, que estava em uma campânula onde parecia flutuar acima da almofada vermelha que forrava o fundo. Devia ter cerca de 60 centímetros de comprimento e seu corpo era negro e cheio de detalhes em relevo. Sua ponta, no entanto, não lembrava as bolas que ilustram os cetros nas figuras dos livros. Ela se afinava como uma lança.
domingo, 13 de julho de 2008
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