sábado, 19 de julho de 2008

Borboreal - Cap. 25

Acordei naquele dia ouvindo o urro de Los. Foi raivoso, diferente. Algumas horas depois, quando eu já tinha tomado café e já treinava com Prosfrus, os batalhões voltaram e contaram a novidade: haviam conseguido desarmar parte das armadilhas do ser-estrela. A fúria de Los foi intensa e muitos morreram. Mas os que voltaram se mostravam felizes. Era uma vitória: ganhavam tempo e impediam Los de se afastar mais do portão e se aproximar das tendas.

Não houve uma comemoração, mas os seres ficaram de especial bom humor, naquela manhã.

Então, propus a Prosfrus um exercício diferente.

- Por que não saímos das tendas? Gostaria de treinar minhas habilidades com os seres da floresta...

Prosfrus gostou da idéia. Armamos uma pequena mochila de provimentos e entramos na floresta sempre-viva. As grandes árvores pareciam murmurar enquanto passavamos. Os cornocorpóreos nos olhavam sem maior interesse, preocupados em fazer buracos para as sementes, em se proteger na floresta e se acasalar.

Perguntei a Prosfrus quais os animais mais difíceis de se capturar, na floresta. Ele enumerou alguns seres que, por mais que descrevesse, eu não conseguia imaginar exatamente.

- E as uruguias? - perguntei, enfim.

- Dificílimas! - ele respondeu, sério. - Pouquíssimas foram capturadas até hoje...

- Não seria genial se conseguíssemos pegar uma? - eu propus. O plurinogorfo coçou os ombros, cruzando os braços no peito, como eu já havia visto ele fazer antes, quando pensava. Era o sinal de que ele cogitava aceitar o desafio.

- Seria genial... Mas muito perigoso... E seria uma visão horrível...

- Por que?

- Elas se alimentam de restos... - contou Prosfrus. - Portanto, ultimamente se reunem nos campos, após as batalhas.

- Como você faria para pegar uma? - continuei colocando lenha na fogueira das vaidades de Prosfrus.

- Elas voam ao menor sinal de perigo. Se avisam umas às outras. Podem ver a maioria dos objetos invisíveis.

- Mas são imunes a magias de tempo?

Ele sorriu. Ainda assim, seria difícil. Elas ganhavam altitude muito rapidamente. As penas de suas asas eram escorregadias. Quase impossíveis de se amarrar. Além de terem bicos poderosos, capazes de quebrar ossos.

Enquanto conversávamos, percebi que mudávamos a direção que tomáramos. Íamos para os campos de batalha.

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