quinta-feira, 26 de junho de 2008

Borboreal - Cap. 9

Foram meses caminhando para o Norte, com as temperaturas esfriando a cada passo. Como na Terra, a região norte de nosso planeta é gelada e, em seu céu, pairam luzes. Luzes que parecem encortinar parte do céu.

O rei descobriu em suas pesquisas que as luzes eram mais do que simples fenômenos magnéticos ocasionados pelos pólos. Aquela cortina de luz era, na verdade, um portão.

Os antigos chamavam esse portão de Borboreal. E quem o atravessasse teria controle sobre toda a luz que necessitasse.

Usando uma mágica simples, conhecida como O Toque, o rei escancarou o portão, observando como a cortina de luzes parecia se retrair ao dar espaço para um imenso nada, tão negro que parecia engolir toda a luz em volta dele. Ninguém sabe bem com o que o rei se parecia quando saiu de lá, pois ele mandou apenas palavras, e não imagens. Sua excitação era palpável em sua voz, mesmo à distância. Ele urrava de contentamento enquanto explicava como podia fazer escorrer luz de seus dedos e cada um dos presentes desejou intensamente ver o rei e ser capaz de manipular toda aquela luz.

O rei nos informava que podia banhar de luzes diferentes qualquer matéria, fazendo-as mudar de cor ao seu bel-prazer! A neve, dizia ele, tinha milhões de cores que deslizavam ao sabor do vento. Antes de se despedir, o rei gritou:

- Em direção a Crevatolf!
Aquela foi a última vez que a rainha ouviu a voz de seu rei. Sabe-se, através de emissários do Sul, que ele atravessou Crevatolf, mas se desconhece o que aconteceu a partir daí. E não houve tempo de descobrir, pois o que o rei não sabia era que, depois de atravessar Borboreal - depois de atravessar qualquer dos portões - era necessário fechá-lo, novamente.

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